É noite de lua cheia
Sozinho caminho
Na deserta aldeia
Para descortinar o meu destino.
Visito a velha meiga(1)
Que no caldeirão
Tem mistura de luz e escuridão
Que provoca-me náuseas e fadiga.
Ela tentou prever o meu futuro
Mas ficou assustada,
Mandou-me sair sem dizer nada,
Sai da velha casa, frio e inseguro.
A lua iluminava cada vez mais forte
E o meu sangue fervia.
Fervilhava, desejando a morte
E a minha alma esmorecia
A escuridão surgiu a minha volta
Como um maremoto
Fazendo crescer a revolta
De não ver teu rosto e tocar teu corpo.
Ignorando todos os conselhos sábios
Como quem sua presa persegue,
Quero beijar e morder teus lábios
E saborear o teu sangue…
José Coimbra
1 N/A – Meiga: Palavra galega para bruxa.
(1) Meiga: Palavra galega para bruxa