--------------------------------------------------
Acordei sobre a lápide de um mausoléu,
ofegante, extenuada, com olhar incréu,
entre os que dormiam o sono mortal,
e estimulavam meu pensamento irreal.
Campas povoadas de serpentes
abrigavam outros seres rastejantes,
nojentos repteis repelentes,
eles habitavam os sepulcros jacentes.
enquanto os mortos, terríveis figuras,
perambulavam entre as sepulturas.
Ví mil arvores de vetustos troncos,
sem flores nem frutas, estéreis plantas
galhos retorcidos, pontas de espinhos,
raízes carcomidas, fendas abertas.
Minhas vestes eram de crepe e tule
e um veludo cinza revestia-me as costas.
como um paletó amarrotado de terno.
Olhei ao redor, procurei pessoas,
só havia olhos tristes,pendurados
nas orbitas vazadas dos cadáveres.
Vivendo agora entre os mortos
senti como se o morta fosse
e entre os vivos estivesse.
Então me dei conta, agora sabia:
a vida com que eu sonhara um dia,
agora era mesmo só uma vã utopia.