Nesta mesa estou sentado
A uma cadeira encostado
Com os pés a flutuar.
Em cima da mesa está o nada
O vazio,
Coisa nenhuma.
Não és tu,
porque és algo
Mesmo sendo tão pouco
Não deixas de ser mais do que zero
És um virgula qualquer coisa,
Porque possuis algo que não é teu
Tem algo sangrento por entre os dedos
Que me faz ser zero virgula pouco.
Tens de mim aquilo que de mais valioso
Algum dia sonhei dar...
Só foi pena teres de o roubar.
Não foi por esticão,
Nem por extorsão.
Foi um puro assalto
Efectuado com o teu simples olhar.
Mais eficaz que uma pistola
Que mete mais medo que uma faca
Penetraste-me sem ser preciso me tocar
Bastou-te um simples e singelo olhar.
Um sorriso sincero
E a voz dos meus sonhos
Rouca e melodiosa
Acompanhada por um beijo quente
Uns lábios encarnados
De um bâton de todo desnecessário...
És linda,
Mesmo ao natural
O cabelo preso
Desperta-me o pecado carnal...
Solta-o,
Só para mim...
Fá-lo voar
E trazer-te a mim
Para sempre
Ou para um bocadinho assim...
Não interessa, porque um dia,
Vou ter-te só para mim.
César Ferreira.