FASTIDIOSA PRISÃO
A depender dos outros me forçaram,
Sujeito soa seus caprichos; que remédio!
Por não ser criminoso, me deixaram
Vagar aqui à solta; mas que tédio!
Cercado por doentes, desespero,
Sem detestar a sua companhia
Saudável, num regime tão austero,
Que hotel! Uma tristonha enfermaria!
Chamaram-me, através dum telegrama:
São ordens; amanhã vou embarcar.
Elaborei então o meu programa,
Só não me apercebi fosse abortar…
Isto de ser ilhéu, sem ter dinheiro,
Traz-nos, por vezes, muitas restrições!
Por exemplo, sentir-me um prisioneiro,
Que não pode seguir nos aviões…
A hora das visitas é chegada:
Todos conversam, com animação.
Se escrevo, há junto a mim gente cismada:
Já me aborrece tanta explicação!
Só esta me faltava, realmente!
A quem não suceder, não acredita!
Quando eu dormia, a minha cama invade,
E tenta seduzir-me, um sodomita!
Animam-me; amanhã embarcarei!
Deixo, e não é sem tempo, este hospital!
Endoideço! Que trauma! Aqui fiquei!
Atrasam-se os estudos ,por meu mal!
E marco passo, aqui, desta maneira,
Retido, ilegalmente, na “prisão”!
Começa a ser demais a brincadeira!
Tenho mais que fazer! Chega, avião!...