CONVITE HOSPITALEIRO
Venham ao Faial da Terra,
Linda aldeia portuguesa,
Em S. Miguel, nos Açores.
Pequena; contudo, encerra
Bucolismo, singeleza,
Paz, passarinhos e flores…
Quase ao fundo, junto ao mar,
Foi cunstruída uma igreja,
Mais além, o cemitério.
Nos campos, gado a pastar…
Doz quem do alto nos veja:
-que lugar de refrigério!...
Nossa Senhora da Graça
É, da terra, Padroeira,
Em Setembro festejada.
Nessa altura, quem lá passa,
Diz: -Que gente hospitaleira,
Embora tão isolada!...
A estrada, sempre a descer…
Às vezes mete pavor
Olhar aqueles abismos!
Venham todos conhecer
Este vale encantador,
Sem lugar para ego´ísmos…
Em tempos que já lá vão,
Segundo porto da ilha,
Para a pesca da baleia.
Famílias ganham o pão…
Nos p’rigos, seu olhar brilha,
Lançando o arpão, que cerceia…
Quase auto-suficiente
Foi, outrora, em cereais,
Que suas gentes colhiam…
Muita moça, alegremente,
Seca, nos seus estendais,
Roupas, que todos vestiam…
Filho ilustre, o padre Elias,
Foi uma celebridade,
Que esta terra humilde honrou.
Gastou suas energias
A bem da comunidade:
Mas Deus bem cedo o chamou…
Quando era seminarista,
Notava-se a vocação
Daquele jovem sensato.
E foi o grande humanista,
Na sua dedicação:
Rege a casa do gaiato.
Subimos um descampado,
Para os lados da Água-Retorta;
Encontramos uma ermida.
Ali, um crente, isolado,
Em orações reconforta
A sua dor mais sentida…
O flagelo emigração,
Qual víbora tentadora,
Chega um dia à freguesia.
E é ver a população,
Indo procurar, lá fora,
Mais pão, para o dia a dia…
Terra perdida, entre montes…
Divide-a longa ribeira,
Que canta, e sabe rugir!...
Agua, grátsi, pelas fontes,
Será, de certo, a primeira
Que vos recebe, a sorrir…
Não se irão arrepenter:
A pouca população
Vos convida, alegremente…
Confirmem: venham cá ver…
Camponeses também são
Filhos de Deus… boa gente!...