APELO À RAZÃO
Temos a força na mão,
Se for bem utilizada:
Aniquilar o papão,
Só com sólida união;
Sem esta, não se faz nada…
Em constante escravatura,
Louvamos quem nos oprime!
Tal ignorância é tortura!
Onde está nossa bravura?...
Servidão chega a ser crime!
Nada custa prometer,
Quando precisam de nós!
Porém, chegando ao poder,
Não ligam mais: é de ver!
Dai no vácuo a nossa voz…
Vemos tantos descontentes
Por aí, a protestar!
Morrem à míngua os doentes…
Seremos vis coniventes
Sendo por lema o calar!
Pensões de sobrevivência
São miséria comprovada.
Ninguém trava a delinquência.
Que caos, e que decadência!
Que Pátria desgovernada!
Comprou sua liberdade:
Anda à solta um criminoso.
Gera-se intranquilidade;
Andar aqui à vontade
É bastante perigoso…
Se não quereis dar ouvidos
A quem vos tenta ajudar,
Gostais de andar oprimidos.
Sem actos, só com gemidos,
As coisas não vão mudar!
Lutemos, mas aliados,
Buscando vida melhor.
Doutro modo, separados,
Seremos mais ultrajados
Pelo tirano opressor!
Entre o palácio e a cabana
Não é possível a paz:
Fujam de quem vos engana,
Que a torpe justiça humana,
Aos pobres… não satisfaz!...