Não posso falar do que eu não vivi
Se posso correr pra não enxergar
Eu faço, sem pressa
E já me despeço.
De que adianta eu te desejar
Uma boa partida, um até logo, um adeus
Se bem lá no fundo
Não sei desligar
Se paro um instante
Minha mente te caça
Meu corpo te abraça
Meus lábios se enchem
Do vazio que é você
Brinco de ser um pouco maior
Me contento em fingir
Acredito em tudo
Até que seu vulto se mostra
E se prostra
Em corpos que não são seus
Em bocas que não se encaixam
Abraços espaçosos
Pensamentos irrompidos.
Invoco cada poro seu
Pra me sentir melhor
E entender as fábulas que me conto
Em pratos
E murmúrios escondidos
Sussurros noturnos
Palavras dedicas
Passadas
Que não desgrudam do meu presente
E tudo o que preciso saber é
porque você também não sente?