Sinto que é muito difícil ser Cristão neste mundo, muito difícil mas muito inspirador, porque sempre foi nas dificuldades que os verdadeiros Cristãos se manifestaram, essa É e sempre foi a realidade! Mais que ser Cristão, hoje, é-nos pedido que sejamos “Cristos”! Isso que o próprio Cristo nos pediu que fossemos quando ensinou aos Homens a Lei-do-Amor. O grande princípio da Fraternidade, o grande princípio da compaixão: “Ama o próximo como a ti mesmo!” Amar mais que ser Cristão é ser “Cristo”, porque no fundo, é sendo “Cristo”, que nos tornaremos um dia verdadeiramente Cristãos! Agindo e actuando como Cristo na relação com os outros. No entanto, bem sabemos que não é fácil manter uma unificação interior, diante dos conflitos deste mundo, capaz de “encarar” os outros como irmãos! É preciso consciência como resultado de profundas e constantes interrogações onde a receptividade à mudança e a capacidade de mudar são vividas, experienciadas, integradas, aceites …
No fundo, é aceitar a Vida como ela é para sair dos conflitos e atingir a Paz Interior. Um Cristão é um Ser Único. Um Ser Único porque se torna ao mesmo tempo num Ser Universal, Inteiro, Imortal … capaz de sentir a Humanidade como sua família! “Minha mãe e meus parentes são todos aqueles que ouvirem a palavra de meu Pai e a puserem em prática!” Disse Cristo. E eis alguém consciente da sua Alma, que pensa e age de acordo com o seu Espírito de Serviço, esse que no fundo, é o Espirito-de-Deus-em-Si. Um Cristão consciente é alguém “ciente” que deve ser “Cristo” na relação com os outros porque também vê nos outros “Cristos” na relação consigo. Ele sente Deus no irmão, um seu semelhante. Sabe que ao nível da Alma todos somos iguais porque nascemos do mesmo Pai e que Deus, enquanto Unidade de Vida autónoma, é Pai de todos, Pai de cada um sem excepção! A mesma Unidade de Vida consciente que nós somos quando vibramos na Lei-do-Amor.
É este o grande principio da mensagem de Cristo trazida à Humanidade e da qual os homens se afastaram continua e progressivamente, perdendo-se nos meandros das teologias deste mundo. Ele morreu para dar testemunho destes Ensinamentos, e isso, homem algum poderá apagar! Cristo mostrou ao mundo através da Cruz que só o Amor tem como salvar, mostrou que depois de qualquer morte sempre há a ressurreição, e que é morrendo que sempre renascemos. A aceitação da imperfeição da Vida é que nos pode um dia tornar perfeitos na Vida! E isto é uma sabedoria … Cristo veio ao mundo viver o drama da morte na cruz para testemunhar o triunfo da Vida na Ressurreição. Isto é Vénus elevada a Neptuno, o Amor incondicional!
Em Astrologia, Vénus identifica-se com o gérmen da Vida, da forma e do Amor, assim, ela é o Amor que transcende a dualidade. E foi Cristo quem “ancorou”, pela primeira vez, Vénus na matéria, trouxe o Amor à terra e propôs a partilha Balança entre todos os seres humanos como única via de salvação. E eis o Novo Testamento, a Vida assente na Lei-do-Amor, a Nova Aliança, a transcendência da dor-na-cruz, a Ressurreição … “Deixa a tua oferenda no altar do Templo, pacifica-te com o irmão e volta depois ao Templo!” Eis a Lei-de-Cristo! Nunca rezes ou ofereças nada a Deus estando zangado com alguém! A que Deus poderás tu rezar se não consegues com os outros estabelecer correctas Relações Humanas, ainda que contigo os outros as não consigam estabelecer?! Que Deus te poderá escutar?! Cristo ensinou a dar a outra face! E quem, sendo Cristão, pode Amar sem dar a outra face?! Como se pode querer a Paz no mundo se se for ainda incapaz de perdoar ou espalhar essa Paz que tanto se anseia?! A Paz começa em nós, em cada um! Aprende a ser “Cristo” na relação com o mundo que te rodeia e verás como o mundo que te rodeia se transforma e modifica tornando-se verdadeiramente Cristão. Só assim poderá nascer um dia uma Humanidade verdadeiramente Cristã! Quando cada um, nesse seu mundo pessoal, seguir esta Lei Universal nascida da verdadeira Natureza do Coração de Deus, trazida por Cristo à Humanidade! Lei nascida da mente Universal, da Mente Cósmica, da Mente Divina!
Em Astrologia Balança é regida por Vénus, simboliza o Amor e a forma como o expressamos. Escorpião é regido por Marte/Plutão, simbolizam desejo, morte e transformação. Sagitário é regido por Júpiter, simboliza a Verdade, os Valores Universais, aquilo em que o homem acredita. Os 3 Signos se sucedem na Roda do Zodíaco por esta ordem, simbolizando, no meu entender, os 3 passos interiores de qualquer Cristão! São os 3 passos do Zodíaco que simbolizam a Grande Iniciação Cristã! Passos bem vividos, bem delineados por Cristo no seu percurso pessoal entre a palavra amorosa que passou ao mundo (Vénus), o sofrimento mundano que daí lhe veio (Marte), a sua morte física na Cruz (Plutão) e a Ressurreição, o triunfo da verdade, da Luz sobre as Trevas (Júpiter)! Cristo aceitou sofrer às mãos dos homens no caminho do Calvário (Marte) em nome da Lei-do-Amor que trouxe à terra (Vénus), aceitando morrer barbaramente na cruz (Plutão), para provar aos Homens o triunfo do Amor sobre as trevas pela Ressurreição (Júpiter). Cristo aceitou morrer para mostrar que em todas e quaisquer circunstâncias só o Amor pode salvar. No caminho do Calvário, Vénus (Cristo) foi arrastada por Marte (homens) até Plutão (cruz). E foi Marte (homens) quem a crucificou (Plutão). No entanto, este Marte (homens) desconhecia que na Vida não há morte (Plutão) sem Renascimento (Júpiter), e Vénus (Cristo), Renasceu, transcendeu Plutão e ergueu-se para lá da dor-do-mundo. Vénus é o Amor crucificado! Novos valores baixaram à Terra e foi Júpiter quem os ampliou. Touro/Escorpião é o eixo do Calvário! Pois é na aceitação da morte que o Amor Renasce! O percurso de Jesus Cristo foi vivido entre Vénus e Júpiter, no entanto, foi preciso atravessar Marte/Plutão, violência e morte, para ensinar aos homens que é morrendo que se Renasce. No entanto, a última palavra da Evolução de cada um só será expressa quando aquele que atravessar o longo e moroso processo de transformação interior, levar o seu experiente Saturno, a sua experiência individual, à sociedade que o viu nascer. Ensinar, como ultimo patamar, a Lei aos seus Irmãos de Jornada. Um Cristão, Interior e exteriormente Consciente, torna-se “um dador-da-Lei” aos seus Irmãos!
No fundo, é o símbolo da “Cabra” do Capricórnio que ao atingir de forma solitária o topo do monte, no seu processo de ascensão, regressa para conduzir os irmãos ao topo desse monte! À semelhança de Cristo devemos estar dispostos a morrer por aquilo em que acreditamos porque o vivemos. Só assim se poderá um dia “compreender Deus”! E só se “compreende Deus”, quando na Vida, conseguirmos agir como Deus. Seres conscientes de Deus-em-Si, conscientes de Deus-nos-outros! Cientes de que ferir o irmão é ferir a Deus! “Pedro, põe a tua espada na bainha porque quem vive pela espada pela espada morrerá!” Nunca alguém o tinha afirmado, nunca ninguém o tinha vivido. Cristo no monte das Oliveiras na eminência de ser preso viveu-o plenamente! Alguém afirmou um dia: “Há muitas razões pelas quais eu possa aceitar morrer, nenhuma p’la qual eu aceite matar!” E eu acrescento, mas todas as razões terei que ter para me conseguir encontrar, sempre agindo como verdadeiro Cristão, pois daí virá a Paz que um dia me irá libertar! Perguntaram-me certa vez em tom de admiração: “Porque não terão os Cristãos rostos de gente salva?!” Não soube na altura responder! Hoje, porém, percebo porquê. Porque o processo de salvação da Humanidade não está completo! Foi iniciado quando Cristo baixou à terra trazendo consigo o Amor como uma Lei, no entanto, só poderá ser concluído no dia em que cada homem puser essa Lei em prática nas suas Vidas. Cristo não salvou as massas, deu-lhes Esperança de Salvação. A salvação ocorrerá na Vida de cada um com a individuação de cada um. Será preciso que cada homem conclua esse processo nas suas vidas amando os outros como seus irmãos. O segredo é aceitar viver o drama do eixo do Calvário, o eixo Touro/Escorpião. Aceitar morrer para Renascer. Aceitação, consciência e percepção de que os Homens se afastaram continua e progressivamente pelos séculos sem fim, conduzindo a esta dolorosa separação de Deus em que nos encontramos. No caminho de Evolução da Humanidade o ser humano incarna para “resgatar” a Essência pela Existência através da progressiva expansão da consciência. E consciência é Deus e Deus é consciência! Somos nós! É cada um!
Não basta acreditar em Deus, é preciso acreditar e viver exclusivamente em Deus neste mundo materialista em que vivemos. Só a consciência de Deus-em-nós tem como nos resgatar deste mundo de vícios onde as Personalidades separadas das Almas sem deleitam em sobreviver! Um verdadeiro cristão é um Ser ecuménico, que abraça todos os credos, que integra todas as Religiões, que ama todos os seres … assim Cristo no-lo ensinou. Para que, diante de Cristo Sacramentado, no ritual da missa, sempre se possa dizer, Senhor, eu sou digno que entreis em minha morada, dizei-me uma só palavra e minh’Alma receber-vos-á, e não o contrário, como ainda é feito hoje em dia. O verdadeiro Cristão é um Ser “ciente” de que apesar de pecador sempre está disposto a ser melhor. Ele é aquele que já sabe que só a consciência do não-erro pela experiencia do erro o pode levar a não errar, e que por isso, o erro sempre é necessário. Para quê culpar e reculpar-se?! A culpa, o julgamento e o medo são os 3 nós-psiquicos que impedem o coração de abrir à vida da Alma. Que homem pode afirmar não ser digno de Deus e depois o comunga?! “Túmulos caiados!” Bonitos por fora, podres por dentro! Assim lhes chamou Cristo. Deus nunca virou a face aos seus filhos. Que os seus filhos não lhe digam nunca que são indignos de si. Se pensais que esse rejeitar é um acto de humildade, sabei que é antes um acto de ingratidão! Nós somos o Projecto-de-Deus, Projecto que caminha do caos para o Cosmos, da Luz para as Trevas, do inconsciente para a consciência. O nosso Sistema de referência neste imenso processo Evolutivo é o Sistema Solar. Afirma Maria Flávia de Monsaraz. Então, se esse Sistema foi criado por Deus, a intenção de Deus para cada um de nós materializar-se-á na forma como esse mesmo Universo se apresenta, visto da Terra, no dia em que cada um de nós nasce, com os seus equilíbrios e desequilíbrios. É o “desenho” do Céu do momento do nosso nascimento. O nosso Mapa Astrológico. É aí que começamos e recomeçamos de Vida-em-Vida, o nosso caminho de ascensão. É aí que reiniciamos o nosso Processo de Evolução consciente na matéria, porque fora da matéria não há Evolução. Deus quer, os astros alinham, o Ser Humano incarna e tudo sempre recomeça!
Nós somos, no fundo, o micro-sistema solar do momento da nossa primeira respiração ligados a um Sistema maior, esse sistema de referência de que fala Maria Flávia de Monsaraz! Somos Sistemas dentro de Sistemas, ligados a um Sistema maior. Sistemas que se correspondem e influenciam dentro de uma hierarquia vibratória. Somos nós! É cada um! …
Tal como a Vida se multiplica dando origem a mais Vida em cada novo nascimento, também o Sistema Solar se desdobra em milhares de Sistemas nesses mesmos nascimentos. Porque o próprio Sistema é Vida e a Vida é Deus. Eis a grande dádiva do Céu …
Mas se o Universo é o “corpo-de-Deus” em movimento, como afirma o hermetismo, e se esse Corpo, o Universo, tende para a Evolução na relação com o Ser Humano, o seu Tema Astrológico, então, também Deus estará em Evolução pelo seu próprio Universo pessoal?! O nosso macro-Sistema Solar de referencia? Eis a grande questão …
Diz a Ciência Esotérica que o que está em Evolução sobre a terra é a Consciência da Vida na matéria em cada um de nós, não a Vida. A Vida É o que sempre Foi. Assim, Deus enquanto Ser Individual não pode estar, não pode permanecer em Evolução, porque Deus é a Vida, e se a Vida não está em evolução, então, Deus também não poderá estar. Ele É a própria Evolução. No entanto, diz também a Ciência Esotérica que Deus se multiplicou em milhares de Monadas no acto Criador para dar um “pedaço” da sua própria Vida a cada um dos seus filhos, o simbólico “sopro-vital” que animou o barro de Adão. Monadas que animam o corpo vital de cada um, que nos permitem a percepção do Divino-em-nós quando Alma e Personalidade já comunicam entre si de forma harmoniosa. No entanto, essas Monadas em cada um de nós mantêm-se indissociáveis, indissolúveis até poderem inteiramente regressar a casa para recompor esse “corpo-de-Deus” outrora dividido mas não dissolvido, o Retorno à Unidade perdida de que fala tão profundamente Maria Flávia de Monsaraz. No fundo, nós somos Deus esquecidos de Si que caminhamos neste mundo de conflito do caos para o Cosmos em busca de Unidade perdida. A harmonização do conflito é a via e o caminho a percorrer…
O processo de Individuação, processo de cada indivíduo, só pode ocorrer de forma consciente em União com o Deus-em-Si, a sua Monada, essa parte do Divino que habita cada um. No fundo, o equilíbrio entre mente e coração, pensar e sentir, Alma e personalidade … sinto que quando Deus permitiu que as Almas incarnassem sobre a terra para resgatar a liberdade perdida, aquando da ruptura da Unidade, a queda do Paraíso perdido, “emprestou-se” a Si-próprio, o seu “corpo-pessoal”, o seu Universo mais íntimo, o seu próprio Sistema Solar – o macro-Sistema solar de referência - para que os Homens se guiassem nos seus processos individuais de Ascensão sobre a terra. Assim, ao nascer, cada um de nós passa a ser o dado momento do Sistema Solar, o dado instante da distribuição dos Planetas, conforme as suas orbitas em torno do Sol, o seu Mapa de Nascimento, em comunhão com Deus. O objectivo será voltar interiormente à percepção desse Divino-em-nós pelas experiências que a Vida (Deus) nos propõe viver. Porque a Essência é anterior à Existência! E a Essência de todos os Sistemas é Deus (Vida). Os cientistas afirmam que o Universo está em expansão. Expansão física mas também metafísica quando se percebe que Astronomia e Astrologia são 2 faces de uma mesma moeda. A partícula-de-Deus de que já falam os cientistas é na realidade esta partícula-de-dádiva que remete para o princípio da Criação como verdadeira Aliança de Deus com a Humanidade. Aliança que Cristo veio reforçar, “ancorando” Vénus na matéria, ao ensinar o Amor como uma Lei. O Universo é no fundo a primeira grande Aliança de Deus com os Homens, e o Amor na Cruz, o último grande conflito a transcender que pode conduzir a Humanidade à Ressureição, o regresso à Casa-do-Pai! O regresso-de-cada-Alma. E tudo se passa em torno da Terra, no Zodíaco de cada um. Zodíaco quer dizer “Disco-da-Vida”. Espaço Unitário onde se processam todos os conflitos. O Eixo dessa Roda é a Terra. Nós somos os “Raios” da Roda que procuram equilibrar o movimento através dos seus micro-Sistemas Solares de nascimento, as Consciências dos seus Temas Natais. Sinto que Balança, Escorpião, Sagitário, são os 3 grandes passos Zodiacais de experiência a passar para cumprir a Grande Iniciação Cristã.
O Amor ao Próximo (Balança-Venus), a “morte” que daí pode surgir por incompreensão do mundo (Escorpião-Marte/Plutão) e o ressurgir de um Novo-Fogo, a Ressureição de uma Nova-Madrugada-de-consciência (Sagitário-Jupiter). Capricórnio é o passo-do-Mestre que quando se encontra centrado, iluminado por já ter passado por todo este processo de Salvação, leva a Luz da sua compreensão ao Próximo, à Sociedade em que nasceu. Cumpre-se finalmente em nós o Cristianismo e o Cristo Renasce na Caverna dos nossos Corações. E torna por cada um de Nós à Terra que um dia o rejeitou. Os Cristãos terão finalmente Rostos de Gente salva porque se salvaram! “Onde 2 ou 3 estiverem reunidos em meu Nome Eu estarei no meio deles …” assim foi, assim será pelos Séculos sem-fim …
Disse Cristo:
“Se alguém quiser seguir-me
tome a sua Cruz e siga-me!”
No fundo, um seguir sempre em direcção à Ressureição porque o Caminho do Calvário é o Caminho do Renascimento pela aceitação da dor e do conflito … assim afirmou Cristo diante de Maria sua Mãe.
“Vêde como Eu renovo
todas as coisas…”
Ricardo Louro
Para que o Amor do Cristo
sempre nos Una …
Ricardo Maria Louro