Vocês não me conhecem!
Não esqueçam, não me conhecem!
Então, por favor, parem, parem, parem...!
A dor é enorme e não acaba
Mas o que doe mais é saber, saber, saber...!
Sangro e sangro e ardo e tremo
E das minhas veias saem fogo e dor
E do fogo a vida e a morte e meus sonhos...
Choro e rio e penso em como,
Como uma mãe mata e cuida?
E vocês, filhos, me penetram e rasgam!
E do meu ventre tiram ouro e mel...
Que mais posso fazer?
Vejo meus filhos matando seus irmãos
Por um verde que não se compara ao meu!
Que dá vida, vida ouviram?!
Vocês sabem o que é vida?
E derramo as lágrimas da minha dor
Que são muitas e matam e ferem!
E os meus suspiros de desespero
Destroem e constroem e doem.
E seco.
Eu sofro...
E meus filhos me desnudam,
E com meu vestido azul e verde
Fazem outro preto, cinza,
E ele arde e arde e queima!
E eu choro!...
Não há o que fazer.
Você não me conhecem!!!
Não esqueçam, por favor, não esqueçam...
Não penetrem tão fundo!
Há medo e morte em minhas entranhas
E vida que vocês levam e matam...
E de mim tomam a beleza
E meus olhos já não brilham mais.
Por que, filhos, me destroem assim?
Não lhes dei vida e lar?
Não lhes dei em que acreditar e sonhar?
Não lhes dei a mim?
O que querem mais?
O que querem mais?!
Mais...
M. R. Fernandes