São estranhos os dias cinzentos
que o visitam nas tardes
de triste ausência de afectos,
Nem as noites de luar
com o doce azulado da fantasia
soltam as mágoas que lhe apertam o peito!
Vagueia em sonhos, pelas ilusões
na ânsia do sol da felicidade,
mas este, indiferente e célere passa por ele
nas manhãs das alvoradas da sua ansiedade!
E...
Os dias passam, pela calada do seu sentir,
silenciosos na dor do seu desalento,
agoniam-se em semanas de monotonia
abafados pelos meses de agonia
submergidos em gélidos anos de relento!
Quisera que a sua alma
se libertasse da prisão que a sufoca,
voasse sobre os lírios do campo
e aspirasse o néctar da felicidade!
Chora o seu coração
lágrimas frias que se colam
ao seu corpo e o congelam!
A sua vontade esmorece na razão
dos outros, que o condicionam
e o fazem sucumbir lentamente,
antes do seu juízo final.
José Carlos Moutinho