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bela língua esta
que em festa se desnuda
uma palavra presa na floresta
parece oca mas só pede ajuda
palavra pássaro preso na gaiola
frase na escola feita a giz
perde tudo pra aceitar esmola
vende um provérbio na ponta do nariz
ai que linda língua encapuzada
com uma cesta carregada de confeito
pula de um jeito quando está parada
e dança torta ao caminhar direito
balela língua que mente feito fera
e espera a flor nascer de madrugada
nada de frestas para a primavera
uma quimera com o dedo na tomada
língua aquarela toda colorida
anda na vida a procurar atalhos
sem atos falhos, sem fala medida
costura a lida com linhas e retalhos
ai língua louca, lâmpada dos vivos
vaga vária, sem motivo, alucinada
nada seria de ti sem as camadas
sem as charadas dos adjetivos