Abri um todo de mim
ao santuário do fogo inacabado
deixei-me a vaguear por lá
nas margens que ardem
em cinzas frias...
Entreguei os joelhos à terra
para melhor lhe sentir o pulsar do pó...
Reguei as escadas ingremes
com o olhar quente...
Embrulho as sombras
em busca de uma fresta
onde o vento dança...
Metade de mim
quis ficar... a outra parte em cada segundo
que a ausência é uma presença
nos atos que o olhar perde
num rasgo de melancolia inconformada...
Fechei as portas da incerteza
com a quietude trespassada do ventre
que geme pedaços dele que se perdem
nas fontes do desvanecimento ávido
numa cadência onde a paz não chega...
Ana Coelho
Os meus sonhos nunca dormem, sossegam somente por vagas horas quando as nuvens se encostam ao vento.
Os meus pensamentos são acasos que me chegam em relâmpagos, caem no papel em obediência à mente...