Despertei... Despertaste comigo
Acenderam-se dois sóis diamantinos
Na esfera argêntea, fulva, cobreada...
Se me levasse até a ti uma escada!...
Ascende o astro-rei pelo horizonte
Pássaros gorjeiam felizes, implumes
Árvores e flores exalam mil perfumes...
Ah, se me levasse até a ti uma ponte!...
Fofas nuvens desfazem o tênue véu
A atmosfera resplandece, cristalina
Onde foste morar, minha Menina?
Diga-me onde abaixo desse céu?
Chega a tarde e o sol já se declina
Tons rosados arquitetam o poente
Apenas silhuetas no topo da colina
Se pudesse quebrantar essa corrente!...
Eu percorreria um milhão de milhas
Desbravaria a mais perigosa torrente
Faria as mais extravagantes maravilhas...
Ah, se estivesses aqui na minha frente!...
Deslizaria minhas mãos nas tuas coxas
Em busca de deliciosa e úmida caverna
Verias como são minhas gengivas roxas
Como minha admiração é maçã e materna...
Tocaria as estrelas do céu da tua boca
Com uma habilidade indígena e asteca
Faria malabarismos feito um hábil atleta
Depois te chamaria de boba, tola, louca...
Se fosse logo ali o horizonte...
Se eu tivesse minha amada...
Se eu tivesse uma ponte...
Se eu tivesse uma escada...
Gyl Ferrys