Ô, meu amor das faces robustecidas!...
É natural que minhas mãos amarelas
E meus olhos vítreos cristais gigantes
Quebrem cadeados e descerrem janelas
Para que penetrem milhões de raios possantes
Furtados das flores das alvoradas azuladas
Fazendo colorados, em diversificadas pinceladas,
Um mundo novo de céus e montanhas mágicas!...
Lembrando quando eu via, lá longe no outeiro,
O balouçar havaiano das folhas das palmeiras,
(Ou seriam coqueiros?)
De fundo, meio cinza, a silhueta de uma cordilheira
Azulando todo verde monte de cravos e rosas colores:
Acácias, orquídeas, tulipas, azaléias, todos os tipos de flores
Enquanto na cúpula celeste amadureciam os frutos de ouro,
Peixes de tonalidades violáceas e pássaros de asas de fogo!...
Impregnando todo ambiente os mais aromatizantes perfumes...
Resvalando nas nuvens, roçando os mais faustosos... Cumes...
Propalando o lume por todos os lados em gloriosas escamas
Num mundo todo novo e encantado... Ardido e em chamas!
Por isso, olhos negros, luz de sonhos d’ouro que me alumia,
Por isso é natural,
Assim, recriando,
Me livro do meu mal;
Saio de um canto turvo,
Me desvio, cantando,
Do mundo escuro,
Cantando a fábula da vida!
A fábula da vida!
Gyl Ferrys