A menina pequena das sardas na cara, dos olhos azuis em forma de concha, pulava pela praia à procura dos búzios, das alforrecas que ficavam em terra, da conquilha por apanhar.
Encontrou uma estrela, não uma qualquer. Era repleta de cores, o seu tamanho aumentava e diminuía conforme a força do vento, as suas pontas giravam de acordo com uma dança, a dança das estrelas, mas só daquelas estrelas.
A menina pequena e inocente, sem se aperceber ao certo do que se passava, comeu-a. Parecia-lhe um doce, mas não um doce qualquer, um daqueles que sabe a amor e enche o estômago de alegria.
Sentou-se à beira-mar enquanto ainda saboreava os restos que lhe ficaram na boca, presos aos dentes de leite que começavam já a abanar.
Repentinamente, tudo nela se transformou, os seus braços tornaram-se um azul transparente, a sua voz morreu, os seus olhos criaram nuvens, da sua boca saíam agora pequenas estrelas idênticas à que comera. O seu corpo, agora azul, dispersou-se pelo ar.
O nome da menina? Céu.
les fleurs mortes.