Nesta guerra que travamos entre a alma e a razão, entre nós e os outros, o amor vai quebrando todas as regras, eliminando todas as barreiras. O meu corpo, a minha alma, chamam pelo teu corpo, pela tua alma, e, nesta imensidão que nos separa, este pranto, lavado por tantas lágrimas choradas, cruza a noite escura, o mar revolto, e chega a ti, puro e cristalino, como o amor que sentimos.
O teu corpo, a tua alma, escuta-me, na distância, crias asas e vens ao meu encontro, porque a saudade te queima o peito, porque a ausência te consome o espírito. A pureza de todas as sensações que vivemos, a magia dos sentidos, fez deste amor, algo de sobrenatural, algo que ultrapassa tudo aquilo que se conhece. A distância apenas nos provou a falta que nos fazemos. A ausência, apenas nos provou a veracidade daquilo que sabíamos sentir.
O meu corpo, feito de gotas de orvalho de uma qualquer manhã de Primavera, avança sobre a planura dos teus sentidos. Quando me sentes tocar-te, evaporas-me a mente como se uma gota de água tivesse tocado na lava incandescente que desce a encosta de um vulcão, que adormecido por anos a fio, acordou, numa explosão imensa.
Os meus lábios, secos pelo frio agreste da tua ausência, gretados pela distância dos teus, renascem, como uma Fénix, ao toque. Beijo-te, com a suavidade da seda, dilatando o momento, para compensar todos os beijos que te não pude dar durante a eternidade do nosso afastamento.
Agora estás aqui, vieste quebrar-me o gelo da alma, e acender-me a luz do olhar, agora estou viva, de novo, ainda que seja por um instante, ainda que seja apenas pelo momento que dure este beijo.
Luz&Sombra
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