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EVITEM-SE

 
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Gê Muniz

EVITEM-SE

evitem-se
as vozes alheias
os tapetes vermelhos
os cabelos penteados
evitem-se
sem fascínio
com cuidado
os ilibados conselhos
a fartura da ceia
o sangue azul na veia
evitem-se
os sentimentos pátrios
os sonhos anárquicos
como morte fossem
tal a nossa será um dia
e naturalmente
não saberemos evitá-la

que
não se suprime
o aquiescer da noite
o alvorar do dia
pois tudo nos separa...

n'uma prece calada
evitem-se
de carinhos e açoite
da onda
imensa da ressaca
do som
profundo da calmaria
evitem-se
evitem-se
se assim puderem
se souberem...
façam
com natural
fidalguia socrática...
ah, jamais acusem
a cicuta
do cotidiano

ano apos ano
escutem, escutem
esse som inumano
evitem-se!
esse é o único plano.

(Gê Muniz)
 
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GeMuniz
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Enviado por Tópico
Jmattos
Publicado: 04/06/2013 18:59  Atualizado: 04/06/2013 18:59
Usuário desde: 03/09/2012
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Mensagens: 18165
 Re: EVITEM-SE
Poeta Gê
Mais um belo texto!

jamais recusem
a cicuta
do cotidiano
ano apos ano


Forte! Parabéns!
Beijos!
Janna


Enviado por Tópico
arfemo
Publicado: 04/06/2013 19:45  Atualizado: 04/06/2013 19:45
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Usuário desde: 19/04/2009
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Mensagens: 4812
 Re: EVITEM-SE
...este poema vale bem re-ler mesmo que o tempo aperte: é subtil o suficiente, jogando entre a aparência e a realidade numa cadência crescente. parabéns GÊ

abraço amigo
arlindo


Enviado por Tópico
Betha Mendonça
Publicado: 04/06/2013 21:58  Atualizado: 04/06/2013 21:58
Colaborador
Usuário desde: 30/06/2009
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Mensagens: 6700
 Re: EVITEM-SE
Não há como evitar viver,
nem morrer quando chegada.
Bjo, Gê!