Não me roubem à Lua
Das noites frias e escuras
Noite dos poetas e enamorados
Ao brilho de seu luar cálido
Sem lua, sou uma terra nua
Sou fria, sombria e sem penumbra
Não tenho face, e nem suas fases
Nem me permitem como poeta, fazer versos
Só, à lua cor de prata, clareia a terra
Clareia suas matas, salpicando estrelas
Nas águas, dos rios e dos lagos
Fazendo nos mares, inspirações incontáveis
Não me roubem à Lua
Que clareia caindo suave e lânguida
Nas montanhas, nos prados, nas praias,
Deixando seu rastro, de prata espalhado
Dando abrigo aos notívagos
Que andam pelas cidades,
Nas noites caladas e furtivas
Dando a vida, energia e puberdade
Que seria de mim, sem ti?
Se lha roubassem de mim,
Se me tomassem à face tua,
Que no alto céu, flutua?
Sendo a noite muito escura
A vida perderia a magia
Os poetas a sua musa
E a abóboda celeste nua seria
A lua tem suas estórias
Contadas em versos,
Contadas em prosas
Em noites de conversas calorosas
Onde esconder-se-ia à penumbra
Que nos acolhe, protege, esconde
Podermos viver o amor proibido
Que, só à noite nos é permitido
Não me roubem à lua
Deixai-a esplendidamente
Mostrar a sua exuberância
Soberana, nas alturas
Deixem-na no firmamento
Pra ser olhada, querida e amada
É lá seu lugar por direito adquirido
Por todos olhares, ser observada
Quem não tem estórias a contar
Vividas em noites de luar
A espera do novo dia, raiar
Vendo lentamente a lua desaparecer
Quanto de nossas vidas testemunhou
Dos encontros furtivos apaixonados
Dos serões nas varandas animados
Perpetuados pelos poetas do passado
Não nos roubem à lua
Há poetas e poetisas no presente
Que não lhe fizeram versos suficientes
Pois a lua é alma do trovador
Não me roubem a lua
Pois não teria o que fazer
A noite seria muito escura
E nós poetas, precisamos da Lua pra viver
Fadinha
Maria de Fatima Melo (Fadinha de Luz)