Repensar o Natal
Vejo as ruas cheias e as almas vazias. Vejos as vitrines e casas iluminadas em profusão e o sentimento de solidariedade apagado. Vejo presentes trocando de mãos e o futuro nas mãos de pessoas sem escrúpulos. Vejo papais noéis de todos os tamanhos, cores e raças, mas nenhuma representação do filho de Deus, apenas pequenas e tímidas imagens de presépios.
Nesta época tentamos ser o que normalmente não somos: cordiais, pacientes e de corações incrivelmente sensíveis com a miséria reinante, que está todos os dias sentada em seu trono de injustiças, desigualdades e preconceitos.
Será que o Natal que há em nós só é despertado pela ação midiática? Não seríamos mais sensatos se esse espírito natalino nos ocorresse todos os dias do ano?
Seja você católico, evangélico, espírita, ateu, não importa. Seja nesta data um ser humano melhor e carregue este sentimento por todos os dias de sua vida. Se você é religioso esqueça um pouco a preocupação consumista, a mesa farta e os enfeites que mascaram a realidade. Represente seu sentimento de crença e fé. Distribua humanidade.
Se religião não é a sua praia, não faz mal. Isso não o torna uma pessoa menos importante para o mundo. Seja também mais humano e menos hipócrita.
É contraditório comemorar a data de nascimento de Jesus com embrigaguês e glutonaria. Comemoremos com mais sensatez e filosofia. Ele nasceu numa manjedoura e foi, para quem crê, o presente de Deus para nós. Vamos nascer como novos seres humanos neste Natal. Vamos amadurecer a idéia de que não estamos sozinhos e podemos fazer do nosso dia a dia uma constante mudança no nosso modo de pensar, na nossa ética, na nossa maneira de se relacionar com o próximo.
Sacrificar a vaidade é quase nada.
Pense nisso.
Seu amigo cheio de defeitos, egoísmos e vaidades pessoais,
Mauro Gouvêa
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