Contos : 

UM CONTO DO IRAJÁ (CAPT 4 e 5)

 
UM CONTO DO IRAJÁ (CAPT 4 e 5)
 
CAPT 4

A Verdade Dói, Emagrece e Muda Tudo

Um conhecido de Eliane e Josué, foi se consultar na antiga clínica que antes ele era dono majoritário, pensando encontrá-lo por lá, trabalhando ainda. Nesse dia, foi para lá também que Josué correu com a nova mulher, Graça, para ter a criança. Ao saber do corre corre, esse homem perguntou para uma das enfermeiras, porque Josué estava correndo dentro da clínica, nervoso daquele jeito. A enfermeira respondeu simplesmente:
_ Ora senhor, ele está assim porque sua mulher vai ter o bebê!
_ Bebê? Não sabia que Eliane estava grávida!
_ D. Eliane, não. A nova mulher dele, a D. Graça.
_ Ah, sim... Então essa D. Graça é a nova mulher dele? Não sabia. De qualquer jeito, obrigado pela informação, vou felicitá-lo assim que a criança nascer...
_ Está em trabalho de parto avançado, acho que em meia hora esse bebê vem ao mundo... Agora com licença, tenho muito que fazer aqui.

O homem fez que sim com a cabeça e afastou-se da enfermeira. Ao ficar de frente com Josué, (que levou um susto ao encontrá-lo por ali) fez-se de desentendido.
Josué tentou não demonstrar nervosismo. Mas já era tarde: A enfermeira voltou dizendo que sua filha havia nascido. Estava bem e a mãe também.
Josué olhou sem jeito para o conhecido e pediu por sigilo, para não magoar Eliane.

Eliane para aquele homem, era quase como família, pois seu irmão era compadre dela: Havia batizado Ademir, seu segundo filho. As relações entre as duas famílias estreitar-se com esse batizado.
Sendo assim, ele aceitou ficar calado. Porém, contou para sua mãe, (era comadre de Eliane, madrinha de Ademir) que contou para alguém que também levou a notícia para Elaine, que finalmente contou para sua irmã enganada, Eliane. Nesse "disse me disse", a verdade chegou enfim!

Doída, chorosa, humilhada, fraca e magra, assim ficara por meses Eliane... Mas ela não se dava por entendida quando ele aparecia em Irajá: Fingia que de nada sabia. Acho até, que ela fazia isso para si mesma, para aguentar, pois quando falava das viagens e de antes, em Niterói, era com muita satisfação.
E sobre Josué, como se realmente tivessem sido felizes e que nada abalara isso.
Queria manter as aparências de qualquer jeito, para "não dar o gostinho" aos vizinhos e até que seus filhos terminassem os estudos pelo menos até o colegial... Depois disso, seriam homens para entender tudo.

Elaine não aceitava essa passividade de sua irmã e fica revoltada com essa atitude, embora nada pudesse fazer se não aconselhar... Nada adiantava. Essa situação realmente ficou até Adilson se casar (2 anos depois que saiu do Exército) e seu irmão, Ademir, começar à trabalhar como caixa em um banco.
Um dia, Adilson pressionou o pai, numa dessas idas de fim de semana ao Irajá. Mesmo estando já casado e com 2 filhinhos também, queria que essa situação estranha do pai com a mãe, fosse resolvida.
Que a verdade sobre todos aqueles anos, viesse à tona.
Sendo assim, soube que Josué tinha outra família, além deles e de Betina(do casamento com Eliseth).
Seus outros 'meio irmãos', eram Joyce e Ivan, que veio 4 anos depois da irmã.
Josué tinha ao todo, 5 filhos. Diziam na Bahia, que ele tinha filhos espalhados por lá também: Todas as vezes que ele ia até lá, "matar as saudades" da terra e de seus parentes, fazia suas andanças nos braços de outras mulheres...

De qualquer jeito, foi o fim da farsa de Josué com Eliane: Ao ouvir pela boca do filho mais velho, tudo que o pai relatara , de como vivia em Niterói e a outra família, Eliane ficou possessa.
Mas, Adilson nunca fora o filho querido, pelo contrário: Eliane desde o início preferira o caçula e isso era nítido. Pensando ter feito um favor à mãe, ele a deixou com mais raiva ainda! Era como se ele houvesse revelado seu segredo e não o de Josué!

Vai se entender a mente humana...

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CAPT 5

Visitas Incômodas

O ano era 1989.
Depois do rompimento definitivo de Josué com Eliane, o filho Ademir ficou solidário com sua mãe, não querendo encontrar o pai, aliás, ignorou-o por um bom tempo...
Mas, Adilson não. Até ficou interessado em conhecer seus meio irmãos, pedindo então ao pai que marcasse um dia para a visita.
Adilson levaria a esposa e os dois filhos pequenos também.
Josué ficou contente com essa atitude de seu filho mais velho. Marcou então para o domingo mais próximo.
Já em Niterói, quem não gostou dessa visita planejada, foram Graça e a filha, pois não tinham o menor interesse em conhecer a "outra família" de Josué.
Mas o caçula de Josué com Graça, Ivan, ficou bem ansioso com a novidade.

Um desastre, um incômodo foi aquela visita!
Apesar de morar em Icaraí, bairro nobre de Niterói, a casa era bem antiga, precisando de reforma, aspecto sujo e espremida entre os prédios 'gigantes' da rua. A esposa de Adilson apesar de ser bem simples, achou ao entrar na casa, que Graça era má dona de casa: Tudo tinha aspecto de mal cuidado, sujo mesmo!
Apesar de sua sogra Eliane, ser uma pessoa de 'cara amarrada', pelos desgostos da vida, ela tinha que admitir que era caprichosa, muito limpa e organizada. Isso ela não poderia dizer de Graça...
Essas coisas, mesmo não querendo reparar, fica claro, quando encontramos um ambiente assim...
Adilson não percebia nada disso, pois estava contente em conhecer seu irmão Ivan, mas a irmã, já não fez uma cara agradável...
O ambiente ficou desconfortável, estavam sem assunto... Foi servido um cafezinho com umas rosquinhas de coco ( aquelas da TV, que rima com minha personagem Maribel). Apenas isso e nada mais...
Os filhos de Adilson gostaram também de Ivan, porque eram crianças e ele adolescente. Porém, em dado momento, ficaram entediadas e desejosas de voltar para casa, no Irajá.
A esposa de Adilson chamou-o e disse que todos já queriam ir e que se despedisse logo.
Ao saírem dali, uma certeza: Nunca mais voltariam naquele lugar! Foi o que aconteceu.

Mas, o contato com Ivan continuou. Ele foi convidado para ir na próxima viagem que Adilson e família fariam à Bahia. Josué também iria para matar as saudades dos parentes, pois havia um ano que não aparecia por lá.
Tudo marcado foram então: Adilson, esposa, os dois filhos do casal, Josué e Ivan.

Passaram por muitas 'porteiras' ( tinha que descer alguém do carro e abrir cada uma, para passar)até chegarem na entrada do lugarejo, que distava exatos 8 km da Rodovia Rio - Bahia.
Os parentes de Josué (que estavam sentados em volta de uma árvore, em frente à casa), ao avistar um carro de fora, um Monza preto, passando pela única via pública que beirava a estação do trem, logo perceberam que só poderia ser "SINHÔ",(assim chamavam Josué por lá) que vinha do Rio com alguém...

Entretanto, levaram um susto quando desceram do carro Adilson junto com Ivan, uma coisa que nunca achavam que iria acontecer: Sabiam da existência das famílias de Josué que moravam longe uma da outra, e não esperavam por isso. Na verdade, fizeram umas expressões de interrogação em seus rostos e Josué foi tratando de explicar tudo.

Depois, fez-se um almoço com uma carne de sol na brasa e galinha ao molho pardo.
Durante os 4 dias que ali estiveram, Adilson pagou por tudo, pois a família baiana de sue pai, era grande e não tinha muitas condições financeiras. Se fossem contar com ajuda de Josué, estaria me maus lençóis, porque esse, mal chegou e foi procurar a mesa de pôquer do bar. Não fosse a mala de roupas que trouxe consigo, teria de ficar ali na Bahia, até ter como pagá-los... Pois o negócio nesses cantos do interior nordestino, são resolvidos na 'base da peixeira' ou do tiro!
Resultado: Voltou para casa com a roupa do corpo.

"QUEM JOGA CENTAVOS, ESPERANDO MILHÃO, ACABA SEM NADA NA MÃO"

continua...

Fátima Abreu
 
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Enviado por Tópico
Betha Mendonça
Publicado: 31/05/2013 22:45  Atualizado: 31/05/2013 22:45
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 Re: UM CONTO DO IRAJÁ (CAPT 4 e 5)
Incrível com existem pessoas
que por comodidade,
falta de coragem ou amor
preferem viver enganando-se.
Bjo