Que permanências, recorrências, memórias…
esculpidas no meu rosto, em rugosas linhas
que tem lá no fundo a criança!
Intensidade de dias vividos
em exaltação, melancolia, combate
com a esperança semi-submersa,
num lodo branco de incerteza!
Qual o sentido da vida?
Qual o sentido da minha vida?
A vida tem sentido, sem a minha vida?
Eu tenho fim, a vida se arrasta pelo nevoeiro!
E tudo o mais são perguntas, sem resposta
e sempre as mesmas questões, para um vala
que as engole e devora
na noite que se insinua, gémea de todas as noites!
Entre despertares de sonhos e desejos,
sonolenta, do outro lado da vida, ecoam vozes,
muito além do real
como pedradas num charco
e ao ruído, regressa o silêncio
um dia o silencio fecha-se em si próprio
como coisa enredada numa órbita de poalha!