CAPT 3: O Jogo Que destrói Todo 'Jogo'
Josué tinha mania de grandeza, fosse por saber-se herdeiro bastardo da mais conhecida fábrica de charutos da Bahia( mesmo não levando o nome do pai oficialmente, se preciso fosse ele lutaria por isso na justiça), fosse por achar que com sua perspicácia e lábia, chegaria muito além de ser o sócio majoritário de uma clínica.
Passou a ter novos amigos, conhecendo pessoas de uma classe mais elevada, mas precisamente coronéis. Esses coronéis jogavam pôquer sempre 2 vezes por semana e também iam ao jóquei apostar nos cavalos. Josué, querendo partilhar das mesmas coisas, até por se achar merecedor de status, acompanhava-os.
De início apostava pouco, depois o jogo tornou-se como sangue em suas veias, o corroendo por dentro, e não conseguia parar de jogar todas as semanas. Já havia perdido grande parte das ações da clínica, oferecendo como pagamento de suas dívidas na mesa de jogo.
Até que finalmente um dia, pegou as joias que havia comprado para Eliane e as deu como pagamento de suas dívidas com os coronéis. Foi a gota d´ água. Eliane que até então, achava que nada disso atrapalharia sua 'vidinha tão certinha' agora, viu-se enganada pelo companheiro. Houve uma grande briga e depois tudo voltou como era antes:
Para encerrar suas dívidas, Josué deu o restante das ações da clínica e como o que tinha agora era o trabalho de protético e barbeiro novamente, resolveu que iriam sair de Niterói, porque pagando aquele aluguel exorbitante, só para manter aparências, não poderiam...
A solução era voltar para o Irajá. Fizeram um puxadinho na casa do pai de Eliane, que agora já havia casado com a tal amante, devido a morte de D. Rosa anos antes ( um ataque cardíaco na porta de sua casa, quando chegava da feira com duas bolsas pesadas).
Ah, mas aí que tudo se complicou mais: Eliane não suportava a mulher de seu pai e era recíproco.
O fato de morarem todos no mesmo quintal foi definitivamente a guerra declarada!
Josué ficava à margem disso tudo, nada lhe interessava ali, até porque, era apenas uma fachada para ser mantida, já que ele e Eliane nada tinham mais de relacionamento íntimo depois de várias brigas que tiveram desde que saíram de Niterói para o Irajá.... Por que se preocuparia então?
Elas que se entendessem ou não... O pai de Eliane também não se metia nas brigas de sua filha com a nova esposa: Deixava para lá, aliás o mundo podia cair que ele não ligava: Já estava tendo um caso com uma nova amante na Rua Camerino...
Quanto a Josué, só vinha para casa nos fins de semana, pois passava o tempo todo em Niterói "trabalhando"... Bem, era isso que ele dizia para toda a família de Eliane e seus filhos.
A verdade nua e crua, é que estava de caso um bom tempo com uma moça que era a única filha entre 9 irmãos, e esses, o estavam pressionando para que se casasse com ela.
Mas como? Todo o' tormento' novamente: Ela estava grávida, tal qual Eliane ficou, no início de toda essa história. Se não tomasse uma atitude, se daria muito mal com certeza, pois eles tinham como fazer pressão...
Resultado: Josué foi escasseando cada vez mais suas visitas aos filhos Adilson e Ademir no Irajá, cada vez ficando mais em Niterói, onde os irmãos da moça arrumaram rapidinho uma casa para eles morarem como uma família normal, sem levantar suspeitas de que ele já tinha outra.
Mas a irmã de Eliane: Elaine, era bem mais esperta que ela, e fazia tempos estava prestando atenção a tudo isso: Sabia que Josué escondia algo sério... Até comida dentro de casa quase não colocava mais! Não fosse Elaine trabalhando em um escritório e Eliane na máquina de costura em casa, os meninos não comeriam nada além de pipoca de noite... Ela quis abrir os olhos de Eliane, entretanto, essa, ainda gostando de Josué recusava-se a tocar no assunto, fugindo de qualquer conversa que pudesse lhe levar a descobrir a verdade. Preferia não saber de nada, do que levar um 'baque' de vez.
Por fim, Eliane ficou sabendo por acaso, o dia que 'a outra' teve o bebê de Josué...
Mas fica para o próximo capítulo...
Fátima Abreu