"...à guisa de inspiração, espalhei pez no metal,
repuxando bronze campanil, como ábaco de capitel sepulcral..."
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-exercício 3 - sem arte-
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Sem arte, nem emoção,
como poeta de aluguel,
talhei versos à cinzel
em bruto mármore colossal,
sufocando poesia em lousa campal
Sem ânimo, abafado entusiasmo,
à guisa de inspiração,
espalhei pez no metal,
repuxando bronze campanil,
como ábaco de capitel sepulcral
deixando espalhar o breu ,
sem vigor, mero esforço banal,
Ato desleal, bardo sem alento,
estro de poesia, na obra frugal,
à guisa de talento magistral,
manejo rude tosco chicote,
subjugando versos rebeldes,
enfileirados em pobre decote,
somente triste ode artificial.
Esculpo pedaços de barro,
triste seixo rolado, um simples calhau
sonhando com um poema triunfal.
Órfão das musas, volvo medíocre,
carente do sopro da vontade,
apenas laboro esforço braçal,
amontoado mal feito de palavras,
tratando como pedra filosofal
poema sem qualidade, apenas formal.
Ousadia meã, castigada pelos deuses irados!
Não deixaram o poema elevar-se,
jamais fluiria fácil em canto imortal,
sequer adornaria tão medíocre pedestal,
restando apenas frágeis, letras canhestras
imersas em azinhavre, frameadas no granito banal.
" ...descrevo sem fazer desfeita,
meu sofrer e meus amores
não preciso de receita
muito menos prescritores."