Gritas por amor
Clamas a paixão
Observas o mundo
E não vês nada a mexer...
A ausência mata-te
Um bocadinho de cada vez...
A cada novo amanhecer
Desesperas sem nada poder fazer
Sentes o coração a querer saltar.
Respiras fundo,
Mas nada neste mundo te pode acalmar.
Precisas dela...
Do seu cabelo a tocar em ti
com todo o seu cheiro frutado...
O roçar dos lábios enquanto os tentas trincar...
O toque entre línguas,
Que desperta todo um novo salivar...
O calor do corpo dela no teu
Em cada novo anoitecer
A cabeça sobre o teu peito
Enquanto as tuas mãos gentilmente
Se perdem por entre os seus cabelos...
Como tu,
Te perdeste desde o primeiro dia...
No seu olhar...
É doloroso...
Desejar isso com todas as forças que tens
E saberes que isso não volta a acontecer...
Mas seja como for
É simplesmente mais forte que tu...
Estás num estado em que já não te controlas...
És movido pela paixão
Alimentado pelo desejo
E tomado de assalto pelo lado sombrio...
Não sabes como parar...
Mas o facto é que,
Tudo para.
A vida que querias tanto
Pôs-te por um fio...
Estás agora aí deitado
Rodeado por todos menos,
A pessoa que querias encontrar...
Preferes então fechar os olhos
E voltar a delirar...
Entregas-te por fim à loucura
E desistes da realidade
Vives o para sempre dentro daquele sonho
E sem quereres saber...
Desafias a gravidade
E decides de uma ponte saltar.
Cais no mar.
Fica a tua alma a boiar...
Tu e o teu amor
Que um dia te levaram à loucura
Afogam-se
Puxados pela mão
Por aquilo que ultrapassou faz tempo,
A real dimensão...
Morres a sonhar
E acordas morto
Porque quando os olhos se abrem
Ela está finalmente lá...
E a tua máquina simplesmente
Parece não aguentar.
O coração dispara
O ar escasseia...
O beijo quente reanima-te,
Quando no fim percebes que estavas
Uma vez mais a delirar...
O cheiro liberta-te
Do sorriso que te prende
E de mãos para sempre coladas
Deixamos este mundo de gente louca
Que um dia me disse que era impossível amar assim.
César Ferreira