Fecho os olhos
Para não ver passar o tempo
Tento acreditar que é passado
Que nada mudou
A chuva já não cai
O sol já se molhou
Apagaram-se as luzes na rua
Só o meu mundo é que não mudou
As estações descontrolam-se
Cada vez que as tento entender
Perco-me pelo caminho
Até a um estado qualquer
Não quero rimar
Quero apenas esquecer
Fazer de conta que isto não é o fim
Continuar de olhos fechados
Ao de leve sinto-me a sair de mim
A minha alma a partir para além
Sobram apenas as cicatrizes
O cabelo à frente dos olhos
A delicia de estar deitado
E lá fora ouvir a chuva cair.
As energias renascem
Mas a alma está morta...
Encalhada num caixão
Que tem o teu nome escrito.
César Ferreira