Acordo todas as manhãs contrariado e desiludido,
infeliz com os meus sonhos sem desfecho,
aqueles que insistem em reaparecer noite após noite,
e permanecem inacabados, como se eu não os merecesse.
Chego a pensar que são o meu fruto proibido,
uma consequência da minha gula por ti, um pecado,
um reflexo da vontade que tenho de te amar,
que o meu corpo aceita, mas a minha mente rejeita.
Ou podem ser só incentivos, um rastro de migalhas,
uma bússola, instrumentos para navegar no teu corpo,
mapas do tesouro, um empurrão para os teus braços.
Resta-me então procurar-te, despir-te de qualquer veste,
e tentar terminar contigo, num momento íntimo a dois, real,
aquilo que em sonhos não sonho, ou não consigo sonhar.