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,languidez atroz que me invade,
arrebatado nesse êxtase sem fim,
arrebatando o ar acima do orgasmo
onde a ideia de paraíso é apenas um apoio,
um salto soberano,
num vai e vem, como a galope num cavalo louco.
(I)
sinto agora o tudo, sinto agora o nada,
o grito que trespassou a parede, desfazendo o concreto,
ainda ecoa cada vez mais longinquo,
encabrita-se, rosna, vocifera, já quase em silêncio,
corpo sem tino,
corpos apenas acéfalos, pele rasgada
sem piedades, por desejos,
procuras, encontros, penetrações, ou almas
purificadas pelo octógono batismal perfeito,
renascendo, recriado-se,
quando os portões de bronze se abrem instantaneamente.
(II)
,os ecos teimam em repetir-se,
as tatuagens eternizam-se como asas de borboleta
em flor,
rosna a besta pela escuridão que se dispersa,
desinteressada no nascer das cerejeiras pelas margens
algures despovoadas, antes vida, antes mar,
para alguns um inferno nenhures.
,não sei sobre o que escrevo, não quero,
enquanto a garrafa se esvazia,
a súplica é balbuciada, gaguejada:
- dá-me o teu êxtase, tatua-o junto ao meu.
[,o refrão repete-se despojado do pejo;
procura e encontrarás], enfim.
(III)
Em fim, o início que seja.
"Forfante de incha e de maninconia,
gualdido parafusa testaçudo.
Mas trefo e sengo nos vindima tudo
focinho rechaçando e galasia.
Anadiómena Afrodite? Não:"
("Afrodite? Não" Jorge de Sena)