carros passam queimando gás e lágrimas
e o lenço branco que eu guardo na gaveta
parece me mostrar o flashback de um adeus
o universo ainda brilha num cristal de açúcar
o café ainda é quente como os seus dedos, ainda varro o quintal quando estou triste e também fumo nos minutos de ansiedade. o carro ainda tem pegadas de gatos na poeira, mas nunca esqueço de guardar o seu retrato quando a saudade entra sem permissão.
o que eu te disse antes sobre o amor
não se escreve no vidro em dia de chuva
só eu sei quantas vezes por semana
você usava aquele vestido estampado
a insegurança dos seus passos pela casa à noite
só eu sei o som.
o tempo, ah, o tempo... o tempo não passa nas manhãs de domingo. e aquele anjo pendurado no batente? bate um vento e ele canta. aí eu prefiro ouvir o chico buarque: nessas horas ele me entende. ele só não sabe que o teu cheiro, o teu cheiro era de um feliz tão para sempre.