Aos meus três quatro anos de idade, olhava pela janela, da casa dos meus avós, estava sobre uma cadeira pra alcançar o parapeito e poder olhar.
O que os meus olhos viram naquele dia, ficou gravado na minha retina, no cérebro e no coração.
As minhas mãozinhas pequeninas, agarradas com força pra não cair, meus olhos ávidos e brilhantes gostavam da paisagem do lugar.
Estávamos no segundo andar, sob os cuidados da minha avó Julia, eu via o Rio Negro há alguns metros dali. Eu gostava de olhar o rio, porque o rio sempre trouxe pra mim, as pessoas e as coisas que eram importantes e que eu muito amava.
Sob a luz do sol o rio parecia um espelho, e vez por outra, fazia um lindo jogo de cores, quando os raios do sol batiam no rio.
Eu via os pequenos barcos, que iam e vinham, os barcos que saíam do porto, os que chegavam, viam pequenas canoas no meio do rio a navegar, eram como pequenas cascas de Castanha do Pará, navegando em um grande mar de água doce.
A pessoa que ali navegava, algumas vezes eram homens, outras vezes mulheres, algumas delas não estavam sós, levam seus pequenos filhos juntos com elas, nessa aventura, pra mim, seria uma grande aventura pra elas não era o seu dia a dia. Também vi, muitas vezes pequenos meninos, magrinhos, com seus braços fininhos, que com uma grande maestria, conduzia sua grande canoa, porque, quaisquer canoas, por menor que fosse, eram imensas aos meus pequenos olhos de menina.
Essa, era a visão que eu tinha da janela do segundo andar do sobrado, que, era a casa dos meus avós, mesmo que a minha casa ficasse bem ao lado, mas as minhas maiores aventuras eu as passei no sobrado. Era magia pura, viver ali.
Eu tinha as janelas que me faziam sonhar, uma grande escadaria, onde eu gostava de brincar, e o assoalho então, bem limpinho, bem lustroso, me fazia dar passinhos de prima-bailarina.
Minha companheira nesses folguedos era minha tia, Julieta, até então, Tia Julieta, porque a vida nem sempre é muito real, as vezes tem algo de sobrenatural, de segredos, e pra uma menininha que nasceu com alma de poetisa, por quaisquer coisas faz magia, faz poesia.
Tenho ainda muitas aventuras a contar do que eu via com meus olhinhos brilhantes da Janela do meu lar.
Fadinha de Luz
Maria de Fatima Melo (Fadinha de Luz)