Já me faltam as palavras, já me faltam. Sei-o quando penso em escrever-te e só uma letra fica suspensa nos meus lábios. Poderia até desenhar ali um sinal, como ponto de referência, para que todas as interrogações se equilibrassem, quando me despisse deste manto escuro que me cobre inteira. Nem sei como te descrever este puro manto de retalhos sobrepostos.
Sabias de um pensamento ancorado, quando da minha varanda, avisto a tua? Sabias que é branco e leve, tão leve como um fio de puro linho?
Sabias que as nuvens descansam nas minhas mãos, para que se cumpram todas as vontades de deixar cair por terra todo este emaranhado de ilusões?
Já me faltam as palavras, mas, neste momento acabei de jurar por todos os santos que te farei um retrato da minha inadaptação num chão de pedra, tal ardósia ainda à espera que seja desflorada por todas as palavras suspensas na atmosfera.
Aguardo que mas devolvas. Todas elas - aquelas que te escrevi em tempos, quando ainda havia nuvens de algodão nas minhas mãos, e uma aliança dourada num dos dedos.
A marca que te fez um dia para sempre meu, e que deixei ficar, na esperança de que o sol a derretesse e pudesse selar todas as cartas que pensei escrever-te – isto se não me tivessem faltado as palavras.