Na noite só ouvi as asas de uma gaivota branca bater de manso numa janela do meu quartinho azul.
Na noite só a angústia dos meus olhos parados passou despercebida... Mas dentro do meu quarto nessas paredes onde o sonho se perde fiquei toda gelada a escutar na noite que se estende o bater demorado das asas negras de uma gaivota branca que andava perdida...
Regressei a criança... Regressei ao passado... Pintei de negro a vida... E toda eu fui dor ao recordar na noite o soluçar sem nome de uma infância dorida...
Maria Helena Amaro (Concurso Pedro Homem de Melo) Março, 1968.