Abandonado num banco de jardim,
Jaz felicidade, jaz jasmim,
O tempo passa, já ninguém se lembra de mim,
Oh tempo, que levas-te o meu sustento,
Foi mentira o sentimento do meu filho,
Mas apesar de tudo continua cá dentro,
Não minto, levaram-me o retiro,
Agora num lar onde ninguém quer falar comigo,
Ou sou apenas só eu,
Que não quero fazer novos amigos,
Os dias passam… lentamente devagar,
O sol aqui há muito que deixou de brilhar,
Solidão reclama um lugar para ficar
E eu só numa cama que lembra um caixão,
Nele a divagar…
Passam horas e horas,
As tarefas são forçadas
Por umas mãos enrugadas,
E costas enferrujadas…
Tornei-me inútil até quando ao das palavras,
Enquanto isso são as enfermeiras que me lavam,
E conto meses que os meus filhos não me falam,
E passam, os dias passam e os meus netos nunca me conhecerem,
Não imaginam que solidão também são maus tratos,
E esqueceram que um dia serão eles os velhos trapos…
Alípio Pinto 12/12
DanielCampos