Hoje espreitei através da minha janela, um grupo que se diz adepto da nova movimentação, e que por si só, constituiu uma nova arte minimalista.
(Achei-os parecidos com um grupo de gatos abandonados que vagueiam por ali, quase a morrer de fome, cada um com a sua cor).
Estavam todos juntos a afiar as unhas, à espera de serem alimentados por alguma colheita alheia - daquelas que se vê mas não se toca, nem mesmo quando as unhas estão prontas. Escavam a terra e expõem-se nos telhados das velhas casas, para que a sua arte seja bem recebida por todos. Pior é que nem todos têm a mestria suficiente, para saberem das novas influências que os levam a cirandar por todos os corredores da fome, onde todos comem da mesma gamela já tão cheia de surro.
(Nem as próprias unhas conseguiriam raspar o fundo ao tacho e acabar de vez com aquela miséria).
Por isso, saí para a rua e sorri-lhes, para que soubessem que os movimentos dos quais se dizem adeptos, ainda não tinham deixado marcas na minha porta e nem nas minhas janelas.Cabia-lhes agora a obrigação de serem donos das suas próprias garras e criar algo de novo, para que não restem dúvidas, de que, são altruístas até na forma mais exorcizada que lhes possam dar.
Abril 2013
Maria Al-Mar
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