Procuro meu pensamento
No tempo que não vivi
Na razão do que escrevi
Meu livro que nunca li
Filho de um breve momento
Que o vento esfarrapou
E no vazio espalhou
Só esta mágoa deixou
Num triste e farto lamento
Contra o meu peito dorido
Pela raiva do castigo
Da dor que trago comigo
Que me retira o alento
E por remorso ou por pena
O presente me condena
Ao ritmo que o mundo ordena
Este meu caminhar lento
Jamais eu quero pensar
O fim da estrada alcançar
Sem nunca me encontrar
Com meu próprio pensamento
Mar sonoro, mar sem fundo mar sem fim.
A tua beleza aumenta quando estamos sós.
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho
Que momentos há em que eu suponho
Seres um milagre criado só para mim
Sophia de Mello Br...