" ... o que mata é a solidão, a melancolia
de andar sempre entre quatro paredes ..."
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- horizontes -
horizontes limitados
quatro paredes
não muito longe
umas das outras
oito lâmpadas comuns
filamentos incandescentes
servem-me de sóis
servem-me de luas
formam a constelação
do céu de estuque branco.
um cigarro, outro mais,
outro ainda.
passos ecoam
céleres surdos
pelo corredor deserto.
a noite avança
outra madrugada vem
o maço de cigarros
agora já vazio
diz que dei um passo.
mais um passo lento
rumo ao tumor
que me matará.
já não importa o sarcoma
nem a tísica lenta
o que mata
é a solidão
a melancolia
de andar sempre
entre quatro paredes
muralhas brancas
sob o céu de estuque
onde brilham oito lâmpadas
como todas as estrelas
no meu céu sem ilusões.
" ...descrevo sem fazer desfeita,
meu sofrer e meus amores
não preciso de receita
muito menos prescritores."