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Em noite de lua cheia
o príncipe estava cego
a donzela estava surda
a bruxa era encantadora
e sorria numa janela
queimando vela de vidro
o pavio estava muito curto
na minha frente e atrás de mim,
no quarto com luzes apagadas
queria que fosse o encontro.
refletidos nos espelhos
nos abajures verde-escuras
lâminas de geladas janelas dilapidados
medo de não ver refletida a imagem
meu coração tece malhas
de fios esfuziantes rubro carmim.
se tempestades soam distantes
não vou fechar o vidro
refletindo reflexos dos seus olhos
sorriso é diferente
dos cantos rebaixados da boca,
a curva fica para cima
Mas choveu, a água molhou
os vidros de janelas escuras
congelou os sonhos refletidos
a alma estava cansada,
cansada demais para voar.