As vezes me sinto tão acuada nesse mundo, que percebi que reprimo muitas coisas que sinto e penso, guardo tudo só pra mim. Sinto que é mais fácil para as pessoas acreditarem na "capa" que criamos de nós mesmos, porque enxergar e acreditar no verdadeiro demanda mais confiança, mais tempo. Um dia, alguém me disse que gostava de mim, e que não tinha vergonha de dizer essas coisas. Fiquei em silencio. Isso em assustou. E essa pessoa me disse "Do que você tem medo? Porque você também não diz que gosta de mim, se eu sinto que isso é verdade?". Acho que eu me adaptei a viver encobrindo tudo o que realmente sinto. Em certos momentos eu as vezes me pergunto quem realmente eu sou. Ou melhor, quem realmente eu quero ser. A menina cheia de coisas para dizer, que quer e precisa se arriscar para poupar arrependimentos, ou a pessoa que tenho sido até então, a menina da capa. Desde pequena, sonhava que encontraria o meu "príncipe encantado". Agora que estou com meus 21 anos, apenas digo que não acredito mais em príncipes, só queria alguém especial. Especial.. aquele alguém que conheça e ame o que sou verdadeiramente. A pessoa por trás da capa. Se eu mesma não me permito revelar minha essência, o que há dentro de mim, como sou vista pelas pessoas? Como permitir que alguém me conheça verdadeiramente se tenho medo de expor o que há dentro de mim? Abrir os olhos para o que há dentro de nós mesmos é difícil. Nos revela coisas que precisam de mudanças. E é isso que dá medo. Mudanças. Minha mãe as vezes quer proteger tanto algum objeto, esconde tão bem, que as vezes ela não encontra mais. Nós nos protegemos do conjunto que é a vida, e em algum momento estamos isolados em um mundo dentro de nós mesmos, um mundo confuso e solitário. Mas como alguém poderia amar o que está encoberto? É esse "especial" que eu busco nas pessoas. Amar o que há por trás da superfície. Talvez não seja a hora certa, o lugar certo, ou eu ainda não seja a pessoa certa.
Fabiana
Re: Capa
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