<br />(Poesia e prece)
Às vezes fico a cismar
Com os olhos marejantes,
Pesquiso o éter a sonhar
Em lamentos constantes.
Procuro a liberdade,
Nas dobras do infinito,
Perco-me na eternidade
Sem ecos do meu grito.
Com as lágrimas fluindo,
Vejo as estrelas perenes,
Quais diamantes sorrindo
Em almofadas solenes.
Navego na orla da vida
Em escaramuça da sorte,
Minha fé... É dolorida!
Só terei valor na morte.
Em minha vida corre morna
A esperança da liberdade.
No mundo sou uma bigorna
A mercê de vil crueldade.
Soluça minha alma triste
Neste planeta de ilusões,
Frágil flor que existe,
Pendente de mil perdões.
Lamenta minha triste alma,
Entre as quimeras da vida,
Na onda do mar sem calma,
Em oceanos sem guarida.
Vagueia minha alma sofrida
Entre os meandros da paixão,
Com a fronte sempre erguida
Libertada pelo meu coração!
Lamento o peregrinar humano,
Almejo a abertura dos caminhos,
Respiro farta poluição diversa,
Sofro a mesquinhez das denúncias...
Aplaudo a liberdade dos valores!
Lamento faltar raiz ao saltimbanco,
Almejo a ponte de união entre povos,
Respiro os dejetos da civilização,
Encontro o muro das elites sociais,
Sofro as injustiças impostas a mim...
Aplaudo a liberdade das crianças!
Lamento os pés descalço dos favelados,
Almejo fraternal abraço entre os seres,
Respiro as imundícies das cidades,
Encontro às trincheiras do orgulho,
Sofro açoites de abastados irmãos:
Aplaudo a liberdade ainda latente!
Lamento as chagas dos miseráveis,
Almejo linimento para os enjeitados,
Respiro a sobra dos potentados,
Encontro os labirintos das leis,
Sofro a ausência da comiseração...
Aplaudo o porvir da liberdade!
Lamento os seguidores de Hitler,
Almejo o equilíbrio entre nações,
Respiro os olores da esperança,
Encontro fluidez de amor germinando,
Sofro a esperança do prêmio merecido...
Aplaudo o filete áureo da liberdade!
Lamento o leme em mãos inábeis,
Almejo um comandante justo,
Respiro o brotar da liberdade,
Encontro o caminho sendo limpo,
Sofro a espera da liberdade...
Aplaudo a iniciativa da paz!
“A liberdade como às abelhas têm mel e ferrão”
Para sermos felizes às nossas custas, deveremos utilizar o mel, a infelicidade tem por fulcro o uso do ferrão!
“A liberdade não é nada sem o eco que a multiplica!”
DISCRIMINAÇÃO
(Prece)
Senhor Deus das infelizes! Volvei o olhar ameno para as pobres nutrizes, e degrede o racismo pra profundezas dos infernos! Para vós, não vale as nuanças da pele nem o gládio da fortuna e, sim, ardor do coração fervoroso, a docilidade do humanismo e o desprendimento da razão!
Senhor Deus dos humanos! Mirai, com o vosso olhar benevolente, a pobre casta de gente vestida em trapos de pano! Deus de todas as raças, de todas as categorias e dos mundos! Lançai vosso brado nas praças, amenizai as alegorias e acautelai os furibundos!
Vós, senhor Deus! Que num penedo transfiguraste-vos em luz, tende piedade dos meus, em nome de Jesus! Que a luz irradiada se desdobre em nuanças e componente pára que a nossa pobre gente negra sinta a liberdade!
Toda luz é uma mistura de cores, passando pelo branco e o negro na pele da criatura: semente dos vossos louvores!
Deus, meu Deus! Por qual razão os meus, que, só tem de vós a imagem, insiste em ter o pobre negro na vassalagem, na miséria e na discriminação? Será que para os segregadores só há valorização da pele envoltório da matéria?
Até nos infernos, decantado pelos prosadores, as fauces dos internos são iluminadas pelos fulgores da fogueira eterna, numa mistura de brasa vermelha, carvão preto e corpos suarentos, que, na cisterna do lamento... Hiberna! Entretanto, naquele lugar infernal existe a luz da fogueira imemorial clareando a escuridão do sofrimento e do mal!
Branco, oh branco! Vossa miséria de sentimentos vos faz esquecer que tem nos intestinos um cancro de fezes em matéria purulenta de negros sedimentos! Será que o catarro que esvai dos beiços do crioulo é mais nojento do que o escarro que flui do miolo dos lábios do branco?
O sangue vermelho de um preto sadio irriga os seus brancos ossos e a negra pele sem... Discriminação! Quando é necessário, o mesmo sangue esquece o relho antigo e corre na veia do branco em doação, nesse caso, o banco aceita sem vacilar por estar no umbral da morte e o sangue crioulo o irá salvar!
Meu Deus! Que a vossa bondade perene nos dê luz ao coração em suave liberdade solene estribada nos ensinamentos de Jesus! Que essa luz nos ilumine a alma e o sentimento para entendermos os seguintes argumentos:
Não é só na África que existia o racismo, ele aconteceu no Maxismo, no nazismo da Alemanha, no comunismo e, também, no Cristianismo de barganha!
O escarro que Jesus recebeu no rosto, e que foi o seu vestibular a caminho do calvário, não tinha cor nem gosto, no entanto, os beiços que o defecaram eram rosados e de um branco em desvario!
A LIBERDADE DE CADA UM COMEÇA EXATAMENTE ONDE ACABA O DIREITO DO SEMELHANTE!
Cel. Fabriciano (MG)
(aa.)Sebastião A. BARACHO)
conanbaracho@uol.com.br
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