Esse meu poema de amor foi um desatinado
fugiu-me antes que minha amada o lesse.
“-Por que fez isso, estou assaz preocupado,
não pensei que essa fuga tanto me doesse.”
Um poema de amor sozinho neste mundo,
fuga desabalada, insana e loquaz carreira,
deixou-me daqueles lindos versos sitibundo,
procurei várias rimas por uma tarde inteira.
Era a criação, desprezou-me toda messe,
fugiu mesmo, num ato insano e alienado,
por mais enfadado de mim que estivesse,
jamais deveria assim ter-se desterrado.
Volta, meu poema. Corre e vem para o lar,
traga consigo aqueles versos alexandrinos,
que a inspiração do vate tanto penou criar,
não vá se juntar a outros sonetos peregrinos.
Procurá-lo-ei em todos lugares da terra,
volte logo. Ou diga onde que se escondeu.
Traga com você toda poesia que se encerra
nos versos sentidos que Jurema ainda não leu.