Haverá sempre um porto de abrigo.
Um barco atracado ao cais como uma fuga pra longe, ou um veleiro que já partiu na aventura. Partiu pra se afogar, pra nos afogar-mos. Pra dissimular a morte; que ela não nos leve nunca sem nós querermos! Há sempre uma lua no céu, mesmo que oculta e estranha e misteriosa, pronta a guiar-nos, mesmo ao pé daquela estrela que está sempre lá; haverá sempre a mesma música, a mesma dança e o mesmo sofrimento do espinho da rosa que se arrancou. Existirá sempre a terra a tremer! O mesmo Sol de apenas um só verão, sente se a tensão, a queimadura no sol da praia, o mesmo Sol que nos iluminou ao descobrimento, de outra terra, e de nós mesmos...
Porque fomos nós que partimos do rio, e descemos embalados na corrente. Uma só música, uma só lua e um só sol de apenas um verão. Haverá alguém que gritará ao longe por quem ama, alguém que partirá pra mais longe ainda, haverá um estádio à espera de nos ver dançar, uma só dança, um só tango, só nosso...
Aqui agora morremos afogados! Inebriados dos aplausos que nunca precisamos pra viver, pra vencer como nós vencemos.
Atira-te agora comigo! Sem medo; sem preconceitos ou conceitos devastadores demais à nossa fraca mente humana. Atira-te comigo agora, quero-te sempre ao meu lado, nem que seja só por um instante. Porque neste instante...nós vamos voar! Livres! Livres vamos voar, deixar os nossos corpos sem tocar no mundo... Quem precisa do mundo se nos temos um ao outro? O meu verdadeiro mundo sempre foste tu. O meu porto e rosto de abrigo, meu único conceito, minha derradeira fé. Partiria em batalha a pé como mil homens por uma pátria, por ti. Por ti morreria todas a vezes necessárias. Far-me-ia imortal e morreria novamente por ti. Quero-te aqui agora! Quero-te aqui. Agora e já. Não depois... Depois já é tarde...
Quero-te agora!
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