Épicos : 

Lusitana 2

 
Amigo Sertório



Um centurião romano ouvia o seu general
Criar estratégias de guerra
Para conquistar aquela terra,
Que cheirava a animal…

E perguntava-se: porquê!
“Se todos quantos vão lá, morrem?”
Ignorava ele, na rectidão dos que sofrem
As chagas que ninguém vê…

Um dia perdido, de doideira,
Calcorreou os bosques e os matos
E saiu do acampamento dos ingratos
Para o colo da asneira:

O inimigo!
Foi capturado pelos caverneiros,
Levado pelos pés paneleiros
Para um abrigo,

Ia desarmado e não reagiu;
Não havia fome esse dia!
Fugir, ele não podia
E nunca mais fugiu…

Passou de preso a rejeitado,
De rejeitado, a animal de mato
Que caça o seu próprio prato.
De estranho passou a entranhado…

Apaixonou-se pela lusitana
Casou-se com ela
Por ser animal e tão bela,
Mais natural e menos mundana…

Por conhecer bem Roma,
Tornou-se amigo do chefe do bando.
Era leal nunca enganando.
Era um adido que se soma.

Olhou para a sua nova gente
Achou que podia dar algo para a acção
Que não tinham organização,
Só alma valente…

Traiu a sua terra, comendo o seu antepassado
Que carne humana vicia!
Mas todo o dia,
Nada mais havia para ser caçado.

E romano era carne fresca, sem canhão
E saciava as misérias,
Dava ao estômago umas férias
E aumentava a erecção!!!


Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.

Eugénio de Andrade

Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.

 
Autor
Rogério Beça
 
Texto
Data
Leituras
1615
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
0 pontos
0
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.