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Escrevo
para obrigar-me a pensar
as penas e os pesares
de aqui estar.
Hesito em atender
o chamado,
mas quando saio,
desalmado,
a lua, cheia,
lá está para encher-me
de luz
e receber-me em abraço.
De braços abertos
recheados de raios,
minha mãe láctea.
Engulam-me, todos!
Agora que escorro
entre vós.
Grito ave-maria
nas passarelas
de pedestres,
subterrâneas.
É um grito de socorro
à mãe sagrada:
Minha senhora
do socorra-me!
Um apêlo desesperado
entre as pichações
da parede pública
e as fezes
de um mendigo
tão digno
e filho do deus
quanto eu.
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