o céu, quieto
as torres, inabaláveis
e ainda assim é hoje
hoje não é como ontem
hoje é o prenúncio do amanhã
esse que nunca chega, covarde fugidio
quem dele precisa quando temos o hoje?
só o hoje nos traz o cheiro do café
o sorriso das moças para os outros
o carteiro com as contas
a pressa despropositada com o irrelevante
hoje não é como ontem
ontem fiz ou não fiz e já foi esquecido
ontem eu tinha medo do escuro
ontem tudo era conquista e parecia incrível
hoje nada tem importância
aquelas torres inabaláveis me cansam
hoje derrubo elas
amanhã, o céu diz algo