O sangue disse pra gota:
Não quero ser você manchada
Enquanto o tempo dizia pro ar:
Me perco em seu corpo
E as palavras pra voz:
Sem você não existo, não sou nada
E o louco para alma:
Sou tão pequeno, fraco e torto
No canto o silêncio:
Quase calado, chorava
Vinha do olho esquerdo:
Sorrindo do direito e cego
Os olhos não dizem:
Nunca as mentiras da alma
E as bocas nunca choram:
Por amores que não existem
No final o fim reclama:
Que vida curta, durou tão pouco
E o eterno que está sempre por perto:
No abraçar o acaso encontrava caminho
E o só nem sempre sozinho:
Beijava a amada e calado chorava
Na primeira pessoa, a segunda jurava
Que amava a terceira, tudo incertezas.
José Veríssimo