outro carregamento dos poeminhas enikecidos, entre sonhos e acordes, notas e anotações. tudo que surge de um papo e pinga num guardanapo...
I
bio grafia
fui feito
fiz
desfeito
fim
II
o asteca toca piano
o som que sai é oco
parece um tacape
batendo num coco
III
sem o biombo
todo poema
é ovo de colombo
IV
não é propaganda,
está claro e evidente:
cassandra é clarividente
V
ver-te
é flerte
VI
escrevia tão rápido
que parecia mágica
prestidigitação
VII
não sei como pude
demorar tanto
pra ver no espanto
a fonte da juventude
VIII
cálido cálice de vinho
silencioso e sozinho
a matar os males
calo-me enfim
antes que fales
por mim
IX
fui ali apanhar a primavera
uma pena
tinha uma fila de espera
X
um proleta, uma corda,
um galho quebrado
falha em subsuicídio
XI
camiseta branca
em dia de chuva
sexy quem puder
XII
a verdade
troca as pernas
toco o mundo
por instinto
as mentiras
de caverna
são fases
do labirinto
XIII
a luz entra
em meu quarto
mostra mais fumaça
que tudo
tudo me parece
sem formas
menos a fumaça
XIV
tranquilidade,
isso que me segue:
- só segue.
XV
lá fora se ouviu
bum, bum, bum
todos correram
sem ver
se era ladrão ou polícia
não sobrou nenhum cristão
pra ver a missa
XVI
poesia não é só rima
pra deitar e rolar
em cima
XVII
o que incomoda
ou dá em merda
ou dá em moda
XVIII
te conheço
de algum lugar
comum
de dois gêneros
XIX
certo dia bateu na porta da minha vizinha
uma mulher maluca
pediu uma xícara de chá de cogumelos
XX
uma pedra rola na rua
pedra da lua
os meninos aluados
trocam a vida
por qualquer trocado