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Milagre Incompleto

 
Milagre Incompleto
 
Já não há milagre para mim.
Já não existe a terra a tremer,
Como no livro que eu li.
Vivi retido em cada página,
Dessa leitura de um só verão,
Enquanto espera que de repente
De um qualquer angulo mágico
Tu surgisses e dissesses "olá"...
Mas tu nunca disseste olá;
Nem existiu angulo mágico
De linhas perpendiculares
As linhas do tempo e do espaço
Nem exististe tu.
Tu nunca exististe!
Pelo menos não no meu livro,
Na minha história.
Não aqui ao meu lado,
Mas ainda que perto
Distante demais...
Não aqui e agora
Que já toda a gente se foi embora
E me deixou só no meio da noite escura e sombria.
(A noite sabe os meus segredos
E usa-os pra me aterrorizar...)
Acabou-se a literatura.
Acabou-se o esconder atrás de poemas
E de palavras fantasiosas sobre a vida.
Terminou-se o mistério com mistério por dentro!
Antigamente escrever era escapar do mundo,
Desabafar como menino muito profundo,
Quem nunca cresceu pra saber perder.
(Não desta forma meu pai...)
Devia ter dito amo-te
Vezes até demais,
Mas só escrevi,
Só escrevi.
Hoje é mártir escrever
Uma reflexão à solidão e ao sofrimento.
Um vício para disfarçar o que realmente sinto.

Nunca irei tirar a minha cara falsa
Acabarei por ficar sozinho no meio da noite,
Lamentando não ter sido outro.
Não quero escrever mais!
Quero viver-nos
Como um milagre de verão
Que já não há pra mim...
s@\/€-|\/|E N()\/\/!
 
Autor
Blackbird
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