Que ruim andar sem rumo e sem ninguém dá dó
Acreditando na fé do amanhã, triste sem carinho
Ouvir gritos sem saber de onde e de quem é só
É ruim explodir como bolhas explodem e sozinho
Sonhos não fazem mal, acreditar na luz do escuro
Pular os obstáculos, cair nos vales, rolar na ilusão
E muito estranho e aos poucos ficar louco maduro
Os mares não fazem mal, leve o amor dessa visão
Momento que existe para alegrar o cantar sonhador
Agora canta, respira o natural, ter é do saber cuidar
Basta um lugar que não existe e fugir pra lá morador
Não se explica o fim, o medo da saudade e o reiniciar
Lenhador de sonhos, pastoreando por campo lindo
Faz da luz a estrada e na relva esconde olhar atento
Coração vagueia procurando o louco que vem rindo
Poema não acabado de todo amor que caminha lento
Mais que a arte é viver sem rumo e a vida tem o sabor
Caminhar no nada além querer nesta rua reta e sonhar
Enquanto bocas procuram palavras e um grande amar
Procura por um corpo, um tempo e um canto sem dor
José Veríssimo
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