Eu não tenho raiva,
Tenho cansaço.
Estou numa condição
De cansaço tão supremo e vigente
Que teimo já em que o amarelo do Sol
Em nada altera os tons de cinzento que vejo.
Eu não tenho raiva,
Tenho cansaço.
Estou cansado, cansadíssimo,
Destas coisas funestas na sorte de cada um
Que ditam um ritmo, nunca o mesmo,
E nos pedem para marchar em sincronia.
Eu não tenho raiva,
Tenho cansaço.
Um cansaço que não tem onde se deitar
Pois estas coisas que cansam são sempre iguais
E os dias que cansam são sempre iguais
E as pessoas que cansam são sempre iguais.
Eu não tenho raiva, tenho cansaço.
Tenho cansaço.