"[A FRESTA NO PAIOL]".
Todas as manhãs,Selma dirigia-se ao paiol para pegar os alimentos dos animais.
Fazia isso dia após dia,mês após mês,durante anos.
Já com suas dezoito primaveras completadas,
numa dessas manhãs costumeiramente foi para seus afazeres,
e inesperadamente sentiu sendo sufocada e vendada por uma mão
envolta num pano em seus olhos e sua boca que apertava-a sem chance de gritar.
Fora violentada sexualmente sem piedade por esse crápula
que sem nenhum sentimento,aproveitou-se da fragilidade da menina.
Machucada por tanto que foras maltratada,
sem forças para se levantar,ficou deitada de bruços semi-nua,sangrava
e doía como se tivesse levado uma facada nas entranhas.
Restou-lhe somente uma fresta na parede,onde que,
com os olhos rasos d'água consegui ver o seu predador.
Depois de um tempo,conseguiu se levantar e andar com dificuldade
voltando para sua casa que ficava poucos metros d'onde
tinha ocorrido esse horrendo fato.
Entrou tão silenciosamente tal qual tinha saído instantes antes,
daquela desgraça.
Não se manifestou,e nem falou para ninguém.
E sua vida continuou na rotina,que sempre teve dentre muito tempo.
O pai de Selma era pequeno produtor de farinha de milho.
Ainda arcaico,socava seu pré produto em monjolo tocado por água
corrente e fornalha à lenha.
Uma tarde,no auge da safra teve-se uma notícia de que,
Justino um antigo funcionário da farinheira tinha escorregado
e caído com a cabeça na mão do pilão do monjolo,quebrando a coluna cervical
ficando tetraplégico para o resto da vida.
Fatidicamente foi morar no paiol,já reformado para a situação dele,
e bem no lugar,Selma colocou a cama e não deixou tapar a fresta
que marcou sua vida,e também a mesma que sentenciou aquele que
Selma empurrou em baixo da soca do monjolo.
Hoje Justino,justamente,só vê aquele pedacinho limitado duma pequenina
réstia de sol,ou poucas estrelas no céu da noite,pela fresta do paiol.
Condenado à vegetar,e morrer inerte sem movimentos...
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