Não sou nenhum artista
Não sou nenhum poeta
Não sou nenhum pedreiro
Não sou nenhum profeta
Das suas esquinas frias e mofadas
Dos seus olhos cansados e furados
Das suas mãos trêmulas e enrugadas
Das suas pernas tristes, longas e tremulas
Aprendi no passo mágico da ida o compasso da vida
Aprendi no texto lógico da luz o contexto do escuro
Aprendi com a punição do erro a leveza do acerto
Aprendi com o gerar do ser a certeza final do viver
Com você aprendi a pintar a amada
Com você aprendi a escrever um texto
Com você aprendi a construir a morada
Com você aprendi a enxergar o futuro
Por você pintei os mais vivos quadros
Por você criei os mais lindos poemas
Por você construí a mais definida estrada
Por você vi o ontem, o hoje e o amanhã
Sem onde morar construí minha morada dentro de você
Não foi por sorte, nem por destino, antes de nascer escolhi você
Nem mesmo nós sabemos o que é querer e querer só você
Por toda a vida viver sem saber e morrer sem entender quem é você
José Veríssimo